EntrevistasVocê Precisa Conhecer

Você Precisa Conhecer: O baile refrescante e sensual de ‘akhi huna

Créditos: Reprodução

Com duas mixtapes publicadas e o recente lançamento do single “Entreouçå”, a dupla ‘Akhi Huna, formada pelos irmãos João Pedro e João Davi Mansur, vem construindo um universo sonoro refrescante e sensual de forma descontraída. Eles mesclam referências contemporâneas com a sonoridade de baile dos anos 80 e oferecem um som que pode evocar cenas e afetos de uma cidade quente e luxuriosa sem que se tenha visitado um local parecido.

Siga ‘akhi huna no Instagram // YouTube // Soundcloud

O Duo também apresenta uma identidade visual coesa com o som criado. Confira alguns clipes durante a entrevista:

Conheci o Duo pela música OnoYoko, cujo refrão traz impressões deliciosas do Clube da Esquina e, depois de baforar a primeira mixtape, “Aleluiá”, senti um desejo enorme de compartilhar o som e trazer um pouco mais do trabalho deles para o Disconversa. Na entrevista que conduzi tive a oportunidade de perguntar mais especificamente sobre o EP várzea mini jumbo, lançado em 2021 e descobrir um pouco mais sobre o processo de criação e sobre alguns planos futuros dessa combinação de talentos:

Quando surgiu e qual o contexto do surgimento do ‘akhi huna?

‘akhi huna surgiu da vontade de trabalharmos juntos. A primeira vez que conversamos mais seriamente sobre isso foi em 2019. Até então tínhamos nossos trabalhos na música separadamente. Nessa época eu (JP) tinha desenvolvido as primeiras ideias pro beat de Tropical Baby, que acabou entrando no “aleluiá”, e mandei pra ele que respondeu com a ideia de melodia do verso. No mesmo dia já pensamos no nome ‘akhi huna que significa “meu irmão está aqui” em árabe. Meses depois, agora já morando juntos de novo por conta da pandemia, começamos a de fato compor e trabalhar nas músicas que vieram a fazer parte da primeira mixtape. Quando as músicas estavam prontas, uma amiga nossa, Gaivota Naves, nos colocou em contato com o selo Lombra Records que se propôs a prensar algumas cópias da mixtape, isso nos deu uma data para soltar o trabalho e demos início ao nosso duo.


No primeiro EP de vocês “Aleluiá” é possível ouvir alguns ecos do Clube da Esquina, principalmente na faixa Onoyoko, bem como de artistas como Marcos Valle e Djavan. “várzea mini jumbo” parece se aprofundar na sonoridade dos bailes dos anos 80 e 90, explorando também o hip-hop e o lo-fi, como foi essa transição entre os trabalhos? Quais artistas influenciaram a produção do segundo EP?

Acreditamos que as influências do várzea também são mais ou menos essas: Clube da Esquina, Djavan, Marcos Valle. Não houve um intervalo muito grande entre as gravações das duas mix tapes, então elas compartilham muitas influências. As composições do várzea acabaram sendo mais balançadas, então de alguma forma o clima é mais festivo e remete aos bailes dos anos 80 e 90, mas Gerson santos 8 e Tropical Baby, do “aleluiá”, também remetem.


De onde veio a ideia de colocar uma citação do Reinhold Niebuhr na capa do EP? Vocês costumam definir a estética do álbum quando já está pronto, ou ela se modifica e se revela ao longo da produção?

Pra ser sinceros, achávamos que a oração da serenidade era do São Francisco de Assis. Vimos só depois que a autoria é meio que desconhecida e muitas vezes atribuída ao Reinhold Niebuhr.

A ideia de colocarmos na capa surgiu porque é uma oração que usamos em contexto de tentação e provação. Além disso, queríamos que a capa contivesse itens que remetem a coisas importantes para nós, como o primeiro disco, a fé e o Flamengo. E a fé no Mengo.


Como vocês chegaram no nome “várzea mini jumbo”?

Várzea é pelo contexto de futebol amador e a expectativa de se profissionalizar que nutrimos por um tempo. 

Mini Jumbo era o modelo do soundsytem do personagem Radio Raheem do filme Faça a Coisa Certa.


O cotidiano recorrentemente aparece como tema das músicas de vocês. Geralmente vocês partem de qual ponto quando compõem? Já aconteceu de uma obra de outra linguagem artística inspirar a composição de alguma música?

Como fazemos primeiro as melodias, geralmente tentamos encontrar as palavras que as melodias parecem conter. E só depois, vamos atrás do significado que elas também podem conter. Isso é o que acontece na maioria das vezes, como foi o caso de Onoyoko.

Em outras situações partimos de alguma dessas frases que a melodia pressupõe e ao encontrarmos um sentido nessa frase, vamos pensando no que queremos de fato dizer, como foi o caso de Cóccix na Pelve e Summertime Sobrado.

De maneira geral é assim: a melodia surge e partimos dela tanto para a letra quanto para a produção e pós produção.


Quais os planos do duo? Estão preparando um novo lançamento, algum novo audiovisual ou alguma colaboração com outro artista que gostariam de compartilhar com o Disconversa?

Temos dois singles encaminhados, um deles é com Lubardino, grande compositor de Sobradinho. Pensamos em soltar também alguns conteúdos ao vivo, no segundo semestre. Mas a nossa vontade agora é fazer o máximo de shows que pudermos.

Ste

Ste

Ste é Poeta, Violinista, Compositora. Produz as próprias Demos desde 2020 e planeja lançar o primeiro ep ainda em 2022. Seus temas favoritos são memória/escuta/a liberdade agridoce do fim de alguns ciclos. Seu primeiro single "O Afeto Desarma" sairá no spotify no dia 06/06/2022, mas já está disponível no youtube. Atuou como violinista e tecladista da Banda Baião com Doce nos anos de 2019/2020 e publicou um poema pela Margem edições no livro Estados Líquidos. Sua primeira experimentação visual "TEMP-ERANÇA" será publicada na 3a edição da Revista POÇA. Estudante de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais.