1, 2, 3, 4!

1, 2, 3, 4! Dieguito Reis, Torto, UrucumTrio e Vanessa Bumagny

Transitando entre soul music, rap, indie e R&B, Dieguito divide a canção com Lau, antigo parceiro desde o projeto Lau e Eu, e co-compositor junto a Daniel Barreto, com arranjos de Pedro Bienemann. No clipe e, consequentemente na canção, Dieguito e Lau falam de amor e superação enquanto passam o verão na capital paulista.

Eles refletem sobre o tempo que estão em São Paulo (Dieguito vem da Bahia, Lau de Sergipe), principalmente no momento enquanto produzia o novo disco. “Foi onde passei, literalmente, meu primeiro verão na cidade sem mar”, completa Diego.

Numa típica varanda paulistana em meio aos prédios do bairro da Lapa, os dois intérpretes passam um ensolarado dia, raridade na cidade cinza, curtindo e cantando enquanto são filmados por Dio Costa, diretor do videoclipe.

Ouça o álbum “Verão na Cidade Sem Mar” no seu streaming favorito clicando aqui.


Torto é uma iniciativa sonora que busca entender um pouco mais sobre o processo de criação do inconsciente. Fruto de uma reaproximação com a música após muitos anos, o designer pernambucano Leandro Lima criou o projeto em 2017. Em 2018 apresentou o primeiro álbum homônimo, todo instrumental e com sete faixas que permeiam principalmente o post-rock. O trabalho foi resgatado para todos os streams pelo selo Hominis Canidae REC em 2020.

Em maio deste ano, o Torto apresentou “Expediente”, segundo álbum do projeto, também com 7 faixas, mas ampliando a gama de sonoridades abarcadas na construção das músicas. Ainda instrumental, neste álbum além do rock instrumental, vários elementos e sonoridades eletrônicas aparecem entre as faixas.

O álbum tem esse nome porque os experimentos sonoros foram criados durante o horário de trabalho, algumas vezes dá pra escutar as pessoas falando no fundo”, explica Leandro. “Minha rotina permite alguns momentos livres, em meio aos processos em que o computador está executando alguma função. Nesse meio tempo, aproveitei os programas disponíveis para experimentar e criar as faixas. Não contem pro meu chefe”, comenta e brinca o artista.

Ouça o álbum “Expediente” no seu streaming favorito clicando aqui.


A UrucumTrio navega musicalmente entre os mares do Rock Clássico, do Psicodélico e, é claro, do Instrumental. Sem as vozes, outra característica que chama a atenção no grupo é a performance, trazendo cores (ou falta delas), poesias e gestos coordenados que chamam a atenção durante os shows do quarteto.

Para representar toda essa extensão, Conrado Lessa dirigiu e assinou a fotografia e cenário da série, que conta com vídeos gravados em plano sequência “com o intuito de captar o mais próximo do som e da experiência ao vivo da banda”, conta Rafael Tofanelo, guitarrista da UrucumTrio. A edição foi feita por DiPreto.

As referências do grupo passeiam desde Pink Floyd até os contemporâneos Khruangbin, servindo-se de melodias jazzistas e música brasileira entre esses diferentes gêneros. Apesar de levar o “trio” no nome, o quarteto denomina essa tríade como: “Música Instrumental, Vídeos Psicodélicos e Poesia”.

Assista aos 3 episódios da Sessões Fauhaus clicando aqui.


Tudo está bem. Não é preciso ser nem um ávido leitor do noticiário pra saber que isso não é verdade. Coisas horríveis estão acontecendo em todo o mundo e, bem aqui e agora, no Brasil. Contra-golpeando a sensação de impotência que nossos tempos promovem, Vanessa Bumagny canta sobre lutar dançando, sobre resistir com potência e sobre olhar, também, para o que está bom. Eles te querem exausto e triste/ A alegria é a maior revolução que existe, discorre a letra de Tudo Está Bem. Filmado em parceria com a SP Escola de Teatro, o clipe conta com a participação de amigos e parceiros, como o ativista Jean Wyllys.

“Desde que esse governo assumiu o poder, florestas foram mais derrubadas do que nunca, a fome voltou com força, desemprego e corrupção cresceram exponencialmente – sem falar nas mais de 600.000 mortes que poderiam ter sido evitadas. Ler sobre isso todos os dias vai nos afundando em tristeza e impotência, fazendo com que pensemos que nem adianta lutar, que é muita coisa e não vamos conseguir”, comenta Bumagny sobre o contexto que inspirou música e clipe. “Depois de assistir  uma aula de história da Rita Von Hunty, onde ela disse algo como ‘Isso é exatamente o que o sistema espera de você, ficar tão arrasado que se perde a esperança na mudança’, nasceu a canção, como antídoto para todo esse desamparo”.

É preciso respirar fundo e reconhecer que, como o especialista em meditação Jon Kabat – Zinn diz (e Tudo Está Bem repete), “se você tá respirando tem mais coisa boa com você do que ruim” ou, nas palavras de Vanessa, “fique perto do que te faz bem e arrume forças pra seguir, porque precisamos estar cheios de energia para enfrentar esse mundo tão complexo”. Seguindo essa ideia, o novo clipe traz uma Vanessa Bumagny sorridente, dançante e energética, contrastando com rostos de amigos e parceiros, que aparecem em cenas de choro e desolação. Gravado nas imediações da SP Escola de Teatro e no teatro Satyros, o clima cênico tem a intencionalidade de plasmar o pranto mas também a rebeldia, mostrando uma Vanessa sempre disposta a fazer arte.

O clipe conta ainda  com o convidado especial Jean Wyllys, ativista que é símbolo da força de quem não se curva diante das constantes atrocidades às quais a sociedade é submetida. “Ele é pura coragem, teve que deixar o país que tanto ama e segue lutando, trabalhando, estudando, pintando e sendo essa pessoa maravilhosa, amorosa e sensível. Ele é ‘apenas’ o cara que cuspiu em Bolsonaro na votação do impeachment de Dilma Rousseff, ou seja, um herói para mim e pra muita gente boa. É uma honra e um presente ter Jean fazendo parte desse trabalho e ter ganho dele um retrato meu pintado especialmente pro clipe”. É em versão ilustrada que Vanessa faz sua última cena no clipe, mostrando que apesar das cinzas, tudo está, também, bem e contém cores.

Ouça o single “Tudo Está Bem” no seu streaming favorito clicando aqui.

Vitor
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Vitor

Vitor é editor, colunista e webmaster do Disconversa. Entre opiniões polêmicas e informações obscuras, enxerga em um disco do Cartola a mesma beleza que no Metal Machine Music do Lou Reed.