Entrevista – Thiago Ramil
O cantor e compositor Thiago Ramil, lançou recentemente o álbum visual O Sol marca o Andar do tempo e a Imensidão do universo Todo dia, que traduz de maneira musical as quatro estações do ano através de quatro EPs e vídeos que se complementam nessa narrativa sonora.
Em entrevista ao Disconversa, Thiago conta como foi o processo de criação do disco, as dificuldades na produção e suas referências musicais.
Disconversa: Como foi o processo de criação do álbum até o seu lançamento?
Thiago Ramil: Coincidiu de eu ser contemplado no edital do Aldir Blanc. Havia uma proposta de ser um projeto mais amplo, que envolvesse vários agentes do mercado. A partir daí eu vi uma oportunidade de ampliar ideias e buscar aproximar artistas que estavam próximos de mim e conseguir trabalhar remotamente com bastante gente. Então tem um pouco essa contradição, que é uma coisa que gosto muito, de ser um trabalho que envolve muitas pessoas em um momento de isolamento social.
D: Você acha que foi mais difícil compor nesse momento?
T: Compor pra mim tem uma função terapêutica. A maior parte do repertório são de canções de 2020, e o projeto de composição começa se doando muito e aprendendo a lidar com os sentimentos, momentos com confusões de ideias que a gente está vivendo, então pra mim tem essa função, me ajudou também a produzir dessa forma. Agora a parte do processo de conseguir gravar o disco, que envolve muitas outras complexidades, foi muito a partir dessa oportunidade mesmo do edital Aldir Blanc de habilitar isso.
D: Você trabalha com vários produtores nesse álbum, desde o primeiro lançamento do EP, com um contexto completamente diferente. Tem alguma coisa que mais te marcou ou mudou em você nesse processo todo?
T: Acho que toda vez que eu volto nos outros trabalhos agora tendo outras maneiras de se relacionar também, eu vou percebendo novas nuances, porque foram processos paralelos com esses vários produtores, criando pontos de diálogo, mas trabalhando paralelamente. O resultado vai criando novos elos, novas narrativas. Tem momentos que eu vejo, por exemplo, o quarto EP visual e percebo alguns movimentos da Geórgia Macedo semelhantes no primeiro EP, então são amarrações que vão surgindo na medida que a gente vai se relacionando. Digamos que eu fui lidando e reaprendendo a lidar com o próprio trabalho, percebendo isso, por ter sido tudo muito intenso em uma janela de tempo muito curta.
D: Tem alguma música que foi mais marcante pra você?
T: Essa escolha de uma música é sempre muito difícil, porque realmente a gente se envolve muito com todas e o resultado do disco é a amarração entre elas. Acho que elas têm intensidade e expressões diferentes, mas duas músicas que eu acho bem importantes dentro desse todo é bem no meio do disco, que é “Gravidade” e “Roda”, que são duas canções do terceiro EP. Eu acredito que elas traduzem muito do que quer dizer o resultado desse trabalho, em termos conceituais.
D: A canção “Das Oito às Oito” ganhou uma premiação no festival Nova Era, em janeiro de 2020. Como foi para você receber esse prêmio?
T: Foi muito legal. Na primeira edição do festival a canção ficou em terceiro lugar, dentro de uma série de outras. Na ocasião eu estava me mudando para São Paulo e a premiação foi presencial. Uma alegria muito grande, apresentar ela na “crueza” da música voz e violão, eu fiquei bem contente e agora ela ganhou um arranjo super bonito, que acho ficou mais incorporada, mais “suculenta”. Gostei muito do resultado dessa produção ,que foi da Andressa Ferreira.
D: Tem uma estação do ano que você prefere?
T: Uma coisa que eu gosto muito, mais que uma estação propriamente, é o fato de viver bem as 4 estações, que é uma coisa bem característica da região sul, onde são bem demarcadas essas estações. Gosto muito do equinócio (outono e primavera) enquanto equilíbrio, musicalmente falando, dentro desse trabalho. Eu acho que a primavera representada no quarto EP tem uma relação que eu acho muito sólida e muito bem amarrada, então eu gosto muito desse resultado do quarto EP visual que é o Todo Dia.
D: Fale quais discos ou discografias que marcaram a sua vida.
T: Discos que me marcaram muito foram: Golpe de Vista do Douglas Germano, que é um compositor paulista; Eco do Jorge Drexler e o disco Longe do meu tio Vitor Ramil. As discografias são a do Radiohead, referência muito importante de musicalidade, do Bob Marley, que é meio de todo mundo, uma coisa universal, e em termos de influência melódica The Beatles.
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