Matérias

O guia da quarentena

Salve, salve Discólatras!

Estão todos em casa, né? Para fugir do pânico, da ansiedade e do nervosismo e, principalmente, para manter vocês dentro de casa para não correrem riscos de se contaminarem, criamos uma lista de recomendações de obras para vocês lerem, verem e ouvirem!! Então ajeita essa coluna, bebe bastante água, capricha no álcool em gel e confira nossas indicações:

Para ouvir

Fagner – Orós (CBS, 1977)
Psicodelia cearense com arranjos de Hermeto Pascoal, banda formada por Robertinho de Recife, Itiberê Zwarg, Chico Batera, Paulinho Braga, Dominguinhos e grande elenco. O que mais é preciso para te convencer a ouvir esse álbum e a não sair de casa sem ter motivos de extrema necessidade?


Flying Lotus – Flamagra (Warp Records, 2019)
Flamagra é o sexto álbum de estúdio do produtor americano Flying Lotus, lançado em 24 de maio de 2019 pela Warp Records. É seu primeiro álbum desde 2014, “You’re Dead!”. A faixa “Fire Is Coming”, com David Lynch, foi lançado com seu vídeo em 17 de abril de 2019. O álbum também traz contribuições de Anderson Paak, George Clinton, Little Dragon, Tierra Whack, Denzel Curry, Shabazz Palaces, Thundercat , Toro y Moi e Solange. É um prior de disco. Coeso, mantendo a linha de músicas do FL que flertam com o future jazz, música experimental e contemporânea e mesmo com esses elementos que costumam espantar ouvidos não habituados a sons e sonoridades, digamos, “diferentes” é um disco bem acessível e com belos momentos. Os videoclipes dos singles da obra são outros atrativos que valem a pena dar uma conferida. Flying Lotus é o cara.


John Coltrane – A Love Supreme: The Complete Masters (Super Deluxe Edition) (Impulse/Verve, 2015)
A Love Supreme foi gravado em duas sessões em dezembro de 1964. Nessa edição de 2015, a edição definitiva até agora, o disco é apresentado em 3 discos, no primeiro o disco como conhecemos com a adição de duas versões em mono. No segundo disco temos todas as tomadas conhecidas da primeira parte “Acknowledgment”, os overdubs de vocais, conversas de estúdio e tudo mais que você pode imaginar. No terceiro disco consta a única apresentação ao vivo do álbum, com tomadas mais simples do que as registradas no disco. Fundamental pra quem quer mergulhar nessa obra do Coltrane!


Mukambo Sound System (2019 – )
Série de playlists pensadas e criadas a partir do conceito que a música é uma linguagem e que dialoga com todas as vertentes, gênenros e sub-gêneros, sons e sonoridade existentes, basta saber dosar e costurar as músicas entre si. Lançadas entre 15 e 15 dias, as MKMB SND SSTM do Tranzimbah são as melhores pedidas para você (re) descobrir músicas e sonoridades diversas em uma única sequência. Com um tempo médio de uma hora e meia e passeando do jazz ao dub, do post punk ao samba de breque, sem soar forçado ou piegas. Como o próprio diz sobre suas seleções: “são vitaminas sonoras para ouvidos famintos.”

Ouça as 9 edições da playlist no perfil do William: https://open.spotify.com/user/12150976071?si=bTLhYF7rTISPJDJpAoUBCQ


Zé Rodrix – Soy Latino Americano (Odeon, 1976)
Todo o swing e latinidade de Zé Rodrix expresso em seu terceiro disco solo. Com letras carregadas de nostalgia, é um disco ótimo para ouvir enquanto evita encostar as mãos no rosto.


Vários Artistas – Outro Tempo: Electronic and Contemporary Music From Brazil, 1978-1992 (Music from Memory, 2017)
Outro Tempo: Electronic and Contemporary Music From Brazil, 1978-1992 é um LP duplo que explora os limites da música brasileira, onde ritmos indígenas se misturam com sintetizadores e MPB se mistura com bateria eletrônica. Quando o Brasil enfrentou os últimos anos de sua ditadura militar e transição para a democracia, uma geração de músicos com visão de futuro desenvolveu uma visão alternativa da música e da cultura brasileiras. Eles adotaram métodos de produção eletrônicos tradicionalmente evitados e infundiram sua música com elementos de ambiente, fusão de jazz e minimalismo. Ao mesmo tempo, eles fizeram referência às formas musicais e à espiritualidade das tribos indígenas da Amazônia. Compilação com Piry Reis, Os Mulheres Negras, Luhli e Lucina e muitos outros!


Para ver

A Chegada (Denis Villeneuve, 2016)
Naves alienígenas chegaram às principais cidades do mundo. Com a intenção de se comunicar com os visitantes, uma linguista e um militar são chamados para decifrar as estranhas mensagens dos visitantes. Um filme que vale à pena assistir comendo banana com aveia e farinha, uma receita que ajuda a fortalecer a imunidade.

Disponível na Netflix

https://www.youtube.com/watch?v=op1x2a_uOIM

Hip-Hop Evolution (Darby Wheeler, 2017 – )
Hip-Hop Evolution é uma série documental canadense de 2016 dirigido por Darby Wheeler que procura explorar o nascimento e a evolução da cultura Hip-Hop dos anos 1970 até os dias de hoje. A série é apresentada pelo rapper Shad Kabango. Originalmente inserida na programação da HBO, Hip-Hop Evolution também pode ser visto na plataforma Netflix. Com quatro temporadas (todas disponiveis no catalogo da Netflix), HHE é uma série muito bem realizada, com ótimas entrevistas com os verdadeiros responsaveis pelo que conhecemos o Hip-Hop, ou seja os mc’s, dj’s, produtores, b-boys e b-girls, grafiteiros e tantos outros que compõe o pantheom da história do HIP-HOP.
A série foi premiada na categoria Melhor Programa Artístico no Emmy Internacional 2017.

Disponível na Netflix


O Barato de Iacanga (Thiago Mattar, 2019)
Os bastidores do Festival de Águas Claras, o mais lendário festival alternativo dedicado à música brasileira. Fazendo sucesso entre a década de 1970 e de 1980, era também conhecido como o “Woodstock do Brasil”. Indico assistir bebendo água de 15 em 15 minutos.

Disponível na Netflix


Onde Está Você, João Gilberto? (Georges Gachot, 2018)
Inspirado no livro HO-BA-LA-LÁ – À Procura de João Gilberto, do escritor alemão Marc Fischer, o cineasta francês Georges Gachot decide refazer os passos do autor no Rio de Janeiro em busca do recluso ícone da música brasileira. Com a ajuda de parentes, antigos amigos e conhecidos do criador da lendária batida de violão da Bossa Nova, Gachot tenta desvendar o mistério que envolve sua existência e encontrá-lo para fazer um pedido muito especial.

Disponível na Globosat Play


Rockers (Ted Bafaloukos, 1978)
Rockers é um filme jamaicano de 1978 de Theodoros Bafaloukos. Vários artistas populares de reggae estrelam o filme, incluindo Leroy “Horsemouth” Wallace, Burning Spear, Gregory Isaacs, Big Youth, Dillinger e Jacob Miller.
Rockers foi originalmente concebido para ser um documentário, mas transformou em um longa metragem, mostrando a cultura do reggae em seu auge. Com um orçamento de JA $ 500.000, o filme foi concluído em dois meses.
O filme apresenta autêntica cultura, personagens e maneirismos. O roqueiro principal Leroy “Horsemouth” Wallace, por exemplo, é mostrado morando com sua esposa, filhos e em sua própria casa.
Os estúdios de gravação mostrados são os famosos Harry J Studios, onde muitos artistas de reggae gravaram na década de 1970, incluindo Bob Marley. O filme inclui a gravação de Kiddus I de “Graduation In Zion” no estúdio, que ele estava gravando quando Bafaloukos visitou o estúdio.


Rogério Duarte – O Tropikaoslista (Walter Lima, 2018)
Rogério Duarte é um dos nomes mais importantes da Tropicália, movimento cultural brasileiro da década de 1960. O artista plástico foi um dos primeiros a denunciar publicamente as torturas cometidas no regime militar. Durante a ditadura, a sua atuação política e seus feitos culturais mobilizaram muitos artistas e inspiraram toda uma geração.

Disponível na Amazon Prime Video


Para ler

1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer (Robert Dimery, 2008)
Noventa jornalistas e críticos de música apresentam uma seleção de álbuns que abrangem desde as origens do rock’n roll nos anos 50 aos sucessos contemporâneos. Cada álbum citado é contextualizado historicamente e os comentários sobre as músicas são acompanhados de curiosidades sobre as gravações, os bastidores ou a vida dos artistas. Que tal ler esse livro marcando quais livros você já ouviu e colocando os que não ouviu na fila? Aproveite para passar álcool em gel nas mãos e nos pulsos toda vez que mudar de década.

Lançamento no Brasil pela Sextante

A visita de João Gilberto aos Novos Baianos (Sérgio Rodrigues, 2019)
Nos contos de A visita de João Gilberto aos Novos Baianos, o prazer de contar histórias sobre histórias é o antídoto à alardeada perda de potência da literatura em nosso tempo. Assim, a história do mundo pode caber em treze tweets, tornamo-nos cúmplices de uma farsa erótica ambientada na Vila Rica dos inconfidentes e espiamos pela fechadura a intimidade de um famoso personagem machadiano.
No conto que abre e nomeia o livro, fantasia pop inspirada no encontro real entre o gênio da bossa nova e os jovens hippies liderados por Moraes Moreira, vislumbra-se uma síntese da contribuição original que a arte brasileira pode dar ao mundo: metade precisão rigorosa, metade delírio e festa. Os mesmos ingredientes podem ser encontrados na prosa entre o culto e o popular que anima um livro dividido em três partes, como um LP impossível.

Lançado pela Companhia das Letras

A Trama dos Tambores – Música Afro-pop de Salvador (Goli Guerreiro, 2010)
Quem quiser ir além de rótulos redutores como axé-music (resultado do encontro das músicas dos blocos de trio elétrico com os blocos afro) precisa singrar este bem urdido Na Trama dos Tambores, a autora, Goli Guerreiro, baiana de Salvador e antropóloga, mergulhou na teia desses ritmos entrelaçados que narram conflitos & consensos de etnia, classe social e soberania artística. A erupção deste movimento deu-se com a emersão, a partir dos anos 70, dos blocos afro, que saíram da periferia para ocupar lugar de destaque na cena sócio-musical baiana. Municiada de extensa pesquisa de campo e uma alentada base teórica, Goli Guerreiro desvenda como se formou esse supermercado musical onde o espaço entre as cordas protegidas do desfile custa status e a trama dos tambores também sinaliza mudanças num tecido social estratificado desde a colonização.

Lançado pela Editora 34

Coltrane (Paolo Parisi, 2016)
A HQ Coltrane, do italiano Paolo Parisi, narra os principais momentos da carreira de John Coltrane, o saxofonista que revolucionou o jazz nos anos 1960: a colaboração com Miles Davis, Thelonious Monk, Dizzy Gillespie e Duke Ellington, o envolvimento com as drogas, os problemas com o racismo e a infância pobre.
Nascido na Carolina do Norte em 1926, John Coltrane começou sua carreira no fim dos anos 1940. O livro mostra sua colaboração com os principais jazzistas de sua época: Miles Davis (com quem gravou o clássico Kind of Blue), Thelonious Monk, Dizzy Gillespie e Duke Ellington, além de seu envolvimento com as drogas, os problemas com o racismo e a infância pobre. Como seu álbum mais importante, A Love Supreme, o livro é dividido em quatro partes, que levam os nomes das faixas do disco: Acknowledgement, Resolution, Pursuance e Psalm.
Os traços livres de Paolo Parisi e a estrutura não linear do livro ecoam o improviso que tornou John Coltrane um ícone da música mundial. Coltrane é jazz em forma de HQ.

Lançada no Brasil pela editora Veneta

Mate-me por favor (Legs McNeil e Gillian McCain, 1996)
‘Mate-me por favor’ é a história sobre os anos 70 e a Blank Generation. Narrando o nascimento do que hoje se chama punk, desde a Factory de Andy Warhol até o Max’s Kansas City nos anos 60 e 70, chegando ao Reino Unido nos anos 80, Legs McNeil e Gillian McCain apresentam a explosiva trajetória do mais incompreendido fenômeno pop. Em centenas de entrevistas com todos os personagens originais, incluindo Iggy Pop, Patti Smith, Dee Dee e Joey Ramone, Debbie Harry, Nico, Wayne Kramer, Danny Fields, Richard Hell e Malcolm McLaren, penetra-se nos camarins e nos apartamentos para reviver o que começou nas entranhas de Nova York como uma pequena cena artística e se tornou uma revolução da música. ‘Mate-me por favor’ revive os dias de glória do Velvet Underground, Ramones, MC5, Stooges, New York Dolls, Television e Patti Smith Group e disseca a morte do punk, quando este se torna manchete de jornais e uma nova onda para os retardatários.

Lançado no Brasil pela L&PM

O Hobbit (J. R. R. Tolkien, 1937)
Os hobbits são seres muito pequenos, menores do que os anões. São de boa paz, sua única ambição é uma boa terra lavrada e só gostam de lidar com ferramentas manuais. Este livro tem como personagem central o hobbit Bilbo Bolseiro. Ele vive muito tranquilo até que o mago Gandalf e uma companhia de anões o levam numa expedição para resgatar um tesouro guardado por Smaug, um dragão enorme e perigoso. Aventura maravilhosa de Tolkien para ler em um ambiente bem ventilado!

Lançado no Brasil pela HarperCollins

Pra finalizar: lavem as mãos, usem álcool em gel, não se desesperem, fiquem em casa, se protejam e protejam quem vocês amem.

Por último e não menos importante: fizemos uma playlist com as indicações dos nossos seguidores do instagram, de músicas para curtir na quarentena! Ouçam à todo vapor e mantenham seus celulares higienizados!

Participaram da playlist: @vasconcellos.philip28, @disco_lada, @tranzimbah, @hellgenio, @vitorr655, @lucacdornelles, @jjjjjuliana, @isisf_rocha, @jscnascimento, @paulorobjunior, @marcio.bebe, @mattos_jp, @famcb73, @pleasestayfortea, @coelhoogabriel, @cenafilipe, @avemaquinabanda, @gcbalbomonnerat, @raphaeltoad, @flaviorafaelxavier, @eu_mesmissim0, @raimundinhooliver53, @pedrow.z, @joao_samenho, @thiagopv, @marques__fael, @afonsopacheco, @photopic.xyz, @leandro.argentini, @aires_luiz, @thiago,fernandesdasilva.5, @willxx023, @ignaciosalvati, @marinalazzarotto, @pedrohenriquecarmona, @flaviooliveirafc, @limademb, @gregdeus, @brunoogooiis, @saulonuso, @jardelgores, @jpshwenck, @melanina_marginal, @lost_scientist, @binhootorre, @herberttsb, @t6e6s6s, @leo_leroz, @mairachalfun, @gorethnascimento, @cade_meu_isqueiro, @fabioperucio, @guganroll1974, @lageegal, @pmezgravis, @ditherstroligo

Disconversa

Disconversa

O Disconversa é um projeto de produção de conteúdo sobre discos de vinil. Composto por pesquisadores e colecionadores do formato, o objetivo da iniciativa é levar informação até os amantes da música em 33 rotações.

Deixe um comentário