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“Wet Matchbox”: 2 EPs e 5 discos que influenciaram Grisa

Grisa lançou seu segundo EP ‘Wet Matchbox” na sexta-feira 18/11, pelo selo midsummer madness.

créditos: Gabriela Korr (@gabrielakorr)

Escute o EP “Wet Matchbox”

Lançado no último dia 18/11, pelo selo midsummer madness, o EP ‘Wet Matchbox” é o primeiro lançamento da paulista de Paraguaçu Paulista, Giovana Ribeiro, por um selo. Como enfatiza a postagem de boas vindas no site do selo, Giovana é “dona de uma voz doce mas que ao mesmo tempo expõe explicitamente melancolia, adornada por um instrumental simples, gravado em viagens de ônibus, mas que se escutados em estado contemplativo, parecem cheios de texturas e camadas. […] Comece pela capa: pare, olhe atentamente. Foto? Não. É uma pintura a óleo da arquiteta de Juiz de Fora Gabriela Korr”, que também dirigiu e produziu o clipe de Expectations.

O EP não chega a 8 minutos de duração, mas são alguns dos minutos favoritos da casa entre os lançamentos do ano. Por isso, hoje, ao invés de Grisa convidar algum artista para ser entrevistado, convidamos Grisa a comentar que tipo de som a influencia.

Grisa no Café Muzik – créditos: Gabriela Korr (@gabrielakorr)
Daughter – “His Young Heart”
Daughter – “The Wild Youth EP”

Eu amo a obra da Elena Tonra, talvez seja naturalmente para mim a maior referência (de todas!) no que diz respeito à maneira com a qual eu me permito criar. Por diversos motivos, mas acho que o primeiro deles é essa ‘veracidade e intensidade de sentimentos’ que ela transborda, como se ela trouxesse à superfície sentimentos profundos em cada nota que ela canta. São músicas cristalinas, transparentes, onde você acessa a alma da artista, e mergulha nos sentimentos que ela te revela. E é como se ela não possuísse medo algum de colocar nas letras passagens reais de sua vida, assumindo uma certa vulnerabilidade, e fazendo isso com uma maestria poética impecável… os instrumentais também, eles são por vezes minimalistas e voláteis, sempre sempre sempre muito sensíveis, com uma dinâmica que invade quem está ouvindo.

Ulrika Spacek – “Modern English Decoration”

Esse é o álbum que eu mais ouvi em toda minha vida, eu o descobri um dia quando estava no metrô indo para o estágio na Philharmonie de Paris. Eu sempre fui viciada em Velvet Underground né, e o Ulrika tem um cover da Lady Godiva’s Operation e eu cheguei neles assim. Mas eu me lembro exatamente da atmosfera do metrô naquele dia, das luzes, e da sensação de ouvir pela primeira vez essa obra prima – minha vida nunca mais foi a mesma desde que ouvi isso. Sério, é absolutamente lindo. Os sentimentos das músicas eram como se fossem os meus enquanto eu andava para trocar de metrô nas estações Porte de Clichy, seguida de Stalingrad até chegar à Porte de Pantin – no “Modern English Decoration” é como se pairasse uma contemplação simples e contínua, em um cenário de conflito-pacífico com o tempo. E esse álbum tem o poder de que a cada vez que você o reescuta, uma nova camada surge e você percebe novos elementos e artefatos que vão se revelando em meio aos efeitos e ruídos. As guitarras cíclicas se entrelaçam de um jeito completamente orgânico e parece que tudo faz sentido no universo com aquela voz etérea e derretida nos efeitos.

Loving – “If I Am Only My Thoughts”

A psicodelia melancólica do Loving me fascina, tudo o que eles fazem é lindo, lindo, lindo. As texturas, as camadas sonoras com um detunezinho, é como se desse para navegar nas músicas. Eles também têm essa expressividade natural, tornando tudo doce e leve.

Angel Olsen – “All Mirrors”

Ano passado eu ouvi bastante esse álbum, principalmente durante viagens longas… e eu ficava maravilhada com a maneira única com a qual ela canta suas letras, como se cada sílaba carregasse exatamente a profundidade do que ela queria passar. Sua voz expressiva e aveludada me encanta e os instrumentais são emocionantes.

Bon Iver – “For Emma, Forever Ago”

Eu nem sei o que falar desse álbum, ele é uma obra prima, ele parece carregar a sensação de uma tarde chuvosa e abafada em que você chegaria na casa de seus avós e tomaria uma xícara de café com leite hahahah. As gravações são tão ‘verdadeiras’, com ruídos diversos que completam a beleza das melodias das vozes e dos instrumentos (que têm timbres magníficos). E eu não sei mesmo como explicar, mas é um álbum quente e que me traz muita paz. As transições entre cada parte das músicas são por vezes inconstantes, como se ele não se prendesse ao tempo e isso torna as músicas vivas.

Sufjan Stevens – “Carrie & Lowell”

A nostalgia e a melancolia transformadas em cenários e relatos de memórias. Faz muito tempo que não escuto Sufjan Stevens, mas esse álbum precisa estar aqui, porque eu sei que ele carrega esse mesmo aspecto dos EPs da Daughter e do “For Emma, Forever Ago” que me rasga o peito: as músicas são muito legítimas nos sentimentos que elas expõem. E não somente por causa das letras, mas o instrumental também possui as mesmas cores desses sentimentos.

Grisa no Café Muzik – créditos: Gabriela Korr (@gabrielakorr)

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Disconversa

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O Disconversa é um projeto de produção de conteúdo sobre discos de vinil. Composto por pesquisadores e colecionadores do formato, o objetivo da iniciativa é levar informação até os amantes da música em 33 rotações.

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