Lurdez da Luz lança vinil do primeiro disco em evento no Made in Quebrada Discos (SP)
LP sai em parceria com selos Pindorama e Made in Quebrada
Lurdez da Luz comemora 20 anos de carreira na música, para isso trabalha em uma turnê e lança oficialmente a versão em vinil de seu primeiro e homônimo disco, Lurdez da Luz (2010) que sai em parceria com os selos Pindorama, Made in Quebrada e LaTi Ina (selo da própria artista). Lurdez faz uma sessão de autógrafos no dia 3 de setembro, a partir das 14h30, no Made in Quebrada Discos (R. Sete de abril, 154 – loja 21, na galeria Nova Barão), com entrada gratuita. Os discos estarão à venda por R$ 175 e já podem ser adquiridos pelo site da loja.
O álbum completa doze anos e foi remasterizado por ninguém mais ninguém menos do que Artur Joly, o rei dos sintetizadores analógicos. E configura um marco na carreira da artista, pois traz as primeiras composições solo de Lurdez.
“Este álbum significou minha transformação em alguém que fazia um som por diversão para alguém profissional. Alguém que passa a viver de arte e que começa a cuidar da própria carreira, e me fez entender que isso é uma carreira. Musicalmente foi um avanço enorme criar e colocar pra fora ideias só minhas, porque até então só tinha escrito em parceria e com homens”, conta Lurdez.
Neste álbum, Lurdez explora a relação romântica entre uma mulher forte e independente e um homem em “AH UH (onomatopeias)”; em “Saudade” fala do fim de um relacionamento, onde a mulher se importou muito mais que o homem no cuidado, mas que jogo vira e quando ele percebe o que perdeu e já é tarde demais; em “Fim da Egotrip” cita referências femininas em geral, de HQ, da literatura, da música brasileira, até lendas afro-indígenas mostrando sua cosmovisão, juntando o universo pop com culturas regionais brasileiras; e, faz uma homenagem ao filho Rogê (hoje com 16 anos), de quem sempre foi mãe solo, em “Meu Mundo Numa Quadra”.
Além disso, três músicas se destacaram no álbum com 9 músicas e até hoje são pedidas no show: “Andei” um feat com a Mc Stefanie e com clipe gravado no centro de São Paulo; “Ziriguidum” que também ganhou clipe e repercutiu quando versão ao vivo do programa Compacto Petrobras em que a artista se apresentou do lado de Kiko Dinucci; e “Corrente de Água Doce” um feat com Jorge Du Peixe, vocalista da Nação Zumbi, em que Lurdez fala sobre uma mulher urbana que é filha de Osun e como essa fé guia sua caminhada na cidade.
“’Andei’ é do Hermeto Pascoal e eu amava a versão do Airto Moreira. Ela começou sampleada e acabou virando versão mesmo, daí regravamos o refrão. Eu nem conhecia a Stefanie direito, mas tinha visto ela com o Simples, grupo que ela tinha com o Kamau. Pirava muito no estilo dela, achava a melhor rapper do rolê e de fato é! Convidei, ela aceitou e apavorou no verso. O Jorge já nos conhecíamos, pois o Mamelo abriu alguns shows da Nação. Ele ouviu o som enquanto estávamos compondo e curtiu. Eu o acho um baita compositor e vocalista, então foi incrível!”, comenta Lurdez.
Em suas composições Lurdez trouxe a perspectiva feminina e feminista, mesmo sem ter a teoria, mas trazendo na prática com seu discurso. Criando dois filhos Lurdez confere de perto essa mudança da nova geração e aplica em casa uma criação mais igualitária.
“O feminismo é inerente às mulheres ousadas! Uma vez que suas ações, pensamentos e falas contrariam padrões vigentes. Eu continuo sem manjar muito da teoria, mas sou instintivamente política. Eu sei de que lado eu tô em cada pauta discutida por saber quem eu sou e da onde eu venho. Tenho um menino e uma menina e a igualdade é um mito que não existe, porém os direitos e deveres devem ser equilibrados. A ideia do: ‘isso é de homem’ ou ‘isso é de mulher’ ainda prevalece na sociedade, mas estamos passando por uma revolução de gênero e eles não parecem se identificar nem com um polo nem com outro, principalmente a Pérola, que é a mais nova”, explica Lurdez.
Dentro do rap, ela foi uma das pioneiras a se firmar no mercado e falar de suas experiências enquanto mulher.
“Minha arte é essa: a da escrita de letra de música, mas que qualquer outra. Minha presença foi sim fundamental pra pavimentar um caminho pras mulheres nesse terreno tão masculino que é o rap e também a ideia do compositor. Lembro que no projeto 3namassa, eram homens escrevendo letras para as mulheres intérpretes. Acho foda! Quero ser intérprete hoje em dia inclusive, mas no meu caso quando me convidaram, eu disse que não tinha como aí gravei letra minha” se diverte Lurdez.
Apareceu “Sem Fôlego” e a certeza de que a artista sempre se impôs e lutou para achar seu espaço nesses 20 anos de carreira.
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