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Vinil cameo – Flavia K e o EP ao vivo Nítida

Flavia K é uma cantora e pianista de São Bernardo do Campo (SP) que acaba de lançar o EP ao vivo Nítida que dá nova direção à sua carreira, apontando para estilos como o indie soul e o R&B alternativo.

As faixas, que foram lançadas em vídeo e frequentaram a nossa lista semanal de lançamentos, agora estreiam nas plataformas de música com o EP completo. O jazz e a música brasileira continuam como particularidades de Flavia e influenciam Nítida diretamente, da escolha do repertório aos discos que estão no cenário dos vídeos, uma coleção de clássicos e essenciais da black music, MPB e jazz.

Os discos e a importância dessas referências inspiraram a (mini)série “Desvendando o Cenário“, vídeos em que ela resenha e toca alguns dos LPs presentes no cenário.

Mas as influências vão além e Nítida é uma maneira que Flavia encontrou de trazer o legado de mulheres musicistas do passado para o presente. Leny Andrade, Tania Maria, Elis Regina, Rosinha de Valença, Joyce Moreno, Elza Soares e Claudya servem de referência e inspiração, como conta Flavia no teaser que faz parte do material adicional do EP.

Criei este projeto para que fique Nítida a minha verdade artística”, diz ela no teaser, encarando a mesma responsabilidade que cantoras que a antecedem tiveram ao abrir caminhos para o reconhecimento da Mulher na História da Música.

Convidamos a artista a falar mais um pouco sobre os discos que estão no cenário. Com a palavra, Flavia!

All ‘n All (1977) – Earth, Wind and Fire

Um disco importantíssimo da carreira da minha banda favorita: Earth, Wind and Fire. É o segundo que eu mais gosto – o primeiro é o I Am, falo dele no episódio 3 de Desvendando o Cenário -, ouço todas essas músicas desde muito pequena, então tenho ligação emocional com quase todas elas, mas não é isso que me faz gostar tanto desse disco. Na minha opinião, ele atinge uma perfeição na medida certa, aquela perfeição humana, sem a ajuda de computadores e correções a que temos acesso hoje. Tudo nele é incrível: repertório, arranjos, interpretações e mixagem. O que mais posso dizer, né? Só posso pedir para que vocês ouçam ele do começo ao fim e curtam muito, é groove demais!

Curiosidade: a faixa 6 do lado A, “Brazilian Rhyme (Beijo)”, está no lançamento original como praticamente um interlúdio, mas existe uma versão completa em que a faixa na verdade é uma releitura para “Beijo Partido”, do nosso gênio mineiro Toninho Horta. Ouvindo essa versão completa e depois ouvindo a cortada do disco original, fica impossível não pensar na “Beijo Partido”. Sem contar que no lado B tem a “Brazilian Rhyme (Ponta de Areia)”, com uma versão instrumental maravilhosa desse clássico do mestre Milson Nascimento.


Around The World In a Day (1985) – Prince

Mais um disco que sou suspeita para falar, gosto tanto desse PERFEITO que é o Prince que até tenho uma tatuagem do “Love Symbol”, então já viu, vou ficar rasgando seda nessa mini-resenha também… (risos)

Só sei que esse é um dos discos preferidos de Prince de muita gente e é um dos meus também. Nele têm várias faixas incríveis: “Pop Life”, “Raspberry Beret”, “America”, “Condition of the Heart” e assim vai. Ai, amo todas! E adoro também essa estética sonora bem característica dos anos 80, então é um disco que traz essa vibe nostálgica do tempo que eu nem vivi, hahaha.

Curiosidade: A capa do meu single “Pessoal Particular” (uma releitura bem swingada do sucesso de Seu Jorge, que lancei no ano passado) foi um pouco inspirada nessa capa belíssima do Around The World In a Day. Conseguem notar as referências?


A Nova Dimensão do Samba (1964) – Wilson Simonal

Escolhi falar desse disco porque a fase “pré Pilantragem” do Simonal é pouco falada por aí. Adoro demais a fase da Pilantragem, mas os arranjos desse disco são impecáveis. Esse disco é uma riqueza da música brasileira, ouvi muito, mas muito mesmo esse trabalho dele. Nele tem execuções geniais de “Lobo Bobo”, “Nana”, “Samba do Avião” e vários outros clássicos. É uma aula de interpretação, suíngue e divisão rítmica. A Nova Dimensão do Samba é um disco que me ensinou muito sobre a música brasileira.

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Vitor
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Vitor

Vitor é editor, colunista e webmaster do Disconversa. Entre opiniões polêmicas e informações obscuras, enxerga em um disco do Cartola a mesma beleza que no Metal Machine Music do Lou Reed.

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