Elifas Andreato, autor de capas históricas da MPB, morre aos 76 anos

Com traço inconfundível, artista marcou a identidade da música brasileira em mais de 360 capas de disco

Elifas Andreato, artista gráfico de contribuição imensurável para a música brasileira, morreu em São Paulo nesta terça-feira, aos 76 anos, vítima de um infarto. Nascido no Paraná, Elifas é um dos mais cultuados capistas da MPB. Sua carreira teve estreia na coleção História da Música Popular Brasileira que, como ele mesmo declarou, abriu caminho para o trabalho com capas de LPs. O traço do pintor ilustra álbuns de artistas como Martinho da Vila, Chico Buarque, Elis Regina e Paulinho da Viola. Sua produção inclui mais de 360 discos, incluindo CDs, DVDs e vinis.

Elifas também trabalhou com publicidade, jornalismo e fez arte para diversos cartazes, posteres, revistas e fascículos de coleções – sem contar seus cartazes e quadros denunciando a violência atroz da ditadura militar. Em 2008, a abertura da minissérie “Queridos Amigos” trouxe diversas obras de Andreato animadas, com destaque para “Menino e Bandeira” (1998).

O traço de Elifas é único e, ao se deparar com uma de suas capas, a identificação é automática. Com sua pintura poética e obra marcada pela defesa aos direitos humanos, o artista fez história na MPB e nas artes plásticas no Brasil na segunda metade do século XX. Encontramos em suas obras muitas pinturas de retratos e elementos como cores em degrade e a presença constante de signos como o palhaço, o céu e a lua. Sua capa mais recente no mercado fonográfico ilustra o álbum Aldir Blanc Inédito, que reúne artistas como João Bosco e Chico Buarque em homenagem ao compositor falecido por Covid-19 em 2020.

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Lucas Vieira

Lucas Vieira é jornalista e editor do Disconversa. Além de colecionar discos gosta de videogames antigos e assistir os mesmos filmes mil vezes (em VHS).

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