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Na Parte Funda da Piscina #12 – Udigrudi

Vou danado pra Catende.

Eu, DJ tranzimbah, serei seu guia “Na Parte Funda da Piscina.”

Nessa sessão do nosso Disconversa, vou apresentar DJ Sets semanais (atualmente toda Quarta-Feira) cuja a finalidade, e como o nome sugere, é dar um mergulho de cabeça para descobrir novos gêneros musicais, subgêneros e principalmente novas sonoridades. O termo foi usado por Ed Motta em uma entrevista à Mauricio Valladares, no programa “Ronca Ronca“, para se referir àquelas músicas que saem do costumeiro, que vão muito além da beirolinha. E como um entusiasta e propagador dos mergulhos sonoros mais profundos, decidi batizar assim esse novo projeto.

Hoje vamos nadar de braçadas largas e mergulhos profundos em um dos movimentos com mais liberdade criativa, ouso aqui dizer isso, que nosso país já ouviu e viu. Digo isso pelo motivo de ter revisitado a breve, mas significante, discografia do Udigrudi Pernambucano. E essa liberdade criativa vai justamente pelos temas abordados nos discos que foram lançados. A exemplo do “Paêbiru (1975)” de Lula Côrtes & Zé Ramalho. Um álbum denso, mais do que experimental com estilos que vão do jazz ao baião nordestino e que tem como subtitulo “Caminho da Montanha do Sol” fazendo referência ao trajeto que ligava Machu Picchu à Paraíba. Além claro do trajeto que os autores da obra fizeram até a Pedra do Ingá sob efeito de poderosos cogumelos alucinógenos. Não teria uma gravadora no sudeste que toparia lançar um discos com tamanho potencial não comercial. Salve Rozenblitz.

No começo da década de 1970, depois do caminho aberto pela Tropicália, (movimento que já tivemos o prazer de mergulhar em suas águas sonoras no NPFdP #1 Tropicália) uma verdadeira invasão nordestina chegou aos ouvidos de todo o Brasil. Com uma cena formada por artistas jovens que buscaram adicionar à música regional de Pernambuco, do Ceará e da Paraíba a sonoridade do rock psicodélico, surgiu um som celebrado até hoje e que é tema até de coletâneas em vinil lançadas internacionalmente. Udigrudi para quem não sabe a origem do termo, é uma corruptela da palavra inglesa underground e significa subterrâneo. O jornalista e teatrólogo Luís Carlos Maciel tinha uma coluna no periódico O Pasquim chamada de “Underground” e foi ali que foi disseminado e definido o som e a estética dessa rapaziada cabeluda que vinha la de riba.

Acolhidos por gravadoras locais como a Rozenblit e, às vezes, gravando em condições precárias, como em estúdios de TV, a turma que incluia Alceu Valença, Zé Ramalho e Ave Sangria mudou a cara do som nordestino com uma linguagem eletrificada, fazendo das limitações recursos para imprimir a identidade de seus trabalhos quando era necessário.

Referências ao Movimento

Alceu Valença
Aratanha Azul
Ave Sangria
Geraldo Azevedo
Ivinho
Laboratório de Sons Estranhos
Laílson
Marconi Notaro
Paulo Rafael
Phetus
Robertinho do Recife
Zé da Flauta
Luiz Carlos Maciel
Zé Ramalho
Cátia de França

Há materiais que se aprofundam ao tema aqui apresentado em caso de bater uma curiosidade danada sobre o movimento e a psicodelia nordestina como um todo. Faça uma boa viagem e espero que curta. Bom mergulho.

Tracklist Na Parte Funda da Piscina #12 – Udigrudi

1 Tranzimbah – Tema de Abertura
2 Alceu Valença & O Trem Pra Catende – Vou Danado Pra Catende
3 Ave Sangria – Sob o Sol de Satã
4 Lula Cortes & Lailson – Can I Be a Satwa
5 Flaviola E O Bando Do Sol – Palavras
6 Lula Cortes & Zé Ramalho – Maracas De Fogo
7 Zé Ramalho da Paraíba – Taxi Lunar (Ao vivo em 1973)
8 Ivinho – Teimosia
9 Ave Sangria – O Pirata
10 Alceu Valença – Cabelos Longos
11 Flaviola E O Bando Do Sol – Asas (Prá Que Te Quero)
12 Geraldo Azevedo & Alceu Valença – Horrivel
13 Zé Ramalho – A Noite Preta
14 Aratanha Azul – Tema
15 Robertinho do Recife – Jardim da Infância (1977)
16 Geraldo Azevedo & Alceu Valença – Me da um beijo
17 Lula Cortes & Zé Ramalho – Trilha De Sume
18 Marconi Notaro – Maracatu
19 Marconi Notaro – Antropologica
20 Cátia de França – Kukukaia

William de Abreu

William de Abreu

William “Tranzimbah” de Abreu tem 29 anos, é comunicólogo e DJ.⠀ Will é o cara que manja tudo de Black Music, um dicionário ambulante de quem sampleou quem nesse mundão sem fronteira. As misturas de música brasileira com rap e hip-hop são seus xodós.

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