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Disco de 10 polegadas volta ao mercado: Saiba mais sobre o formato!

Intermerdiário entre os compactos e os LPs será relançado pela Vinil Brasil

A cada ano que passa o argumento de quem afirma que a música em vinil é uma moda passageira se torna mais falho. Anunciada em matéria publicada no último dia 5 pelo Estadão, a fabricação de discos de 10″ no país será reiniciada pela Vinil Brasil. Segundo o texto, o primeiro título a ser lançado no formato já foi definido: uma gravação de Arthur Joly com convidados, prevista para o segundo semestre de 2020. No site da empresa ainda não é possível fazer orçamento para o formato, mas há o anúncio de que a produção será para discos em 33 rpm (14 minutos por lado) e 45 rpm (10 minutos por lado).

A primeira versão de um 10″ (equivalente a 25cm) surgiu em 1901. Porém, sua popularização começou em 1910, com a era dos 78 rpm, época em que o tamanho era o principal no mercado dos discos feitos de goma laca. Com até três minutos de gravação por lado, o formato foi deixado de lado com a criação dos microssulcos e a adoção das rotações de 33 e 45 rpm, dando espaço aos compactos (7″) e long plays (12″). Com um apelo bem menor entre os apreciadores de discos, estão entre os grandes colecionadores desses vinis o músico Ed Motta e o quadrinista americano Robert Crumb.

Mesmo assim, os discos de 10″ não desapareceram completamente das lojas nacionais e internacionais. Até o começo dos anos 1960 era comum artistas lançarem álbuns e singles no formato. O hit “Mas Que Nada” de Jorge Ben, por exemplo, foi lançado em 1963 em single de 78 rpm, em gravação acompanhada pelo conjunto Copa 5, com “Por Causa de Você Menina ” no lado B. Na década de 1970, o selo Abril Cultural lançou mais de 100 discos de 10 polegadas de 33 rpm, encartados nos fascículos da coleção “História da Música Popular Brasileira”, assunto que tratamos no 15º episódio do Disconversando Podcast.

Um lançamento luxuoso no formato feito recentemente foi o disco Drunk (2017), do baixista Thundercat. O álbum foi dividido em quatro vinis vermelhos de 10″, com rotação de 45 rpm, encartados em um box. De tirar o fôlego de qualquer colecionador. Confira:

Opinião – Temos mercado para os discos de 10 polegadas?

Desde a década passada a cultura do single e do EP têm tomado cada vez mais o espaço dos álbuns. Vemos artistas lançando obras com menos faixas e canções mais curtas. Também é importante ressaltar o fato de que, desde a decadência do CD, o formato físico não é mais a forma de ouvir música do grande público: restringiu-se a audiófilos, colecionadores e/ou pessoas com pouca familiaridade com o universo digital dos celulares e computadores. Com os 10″, bandas e cantores poderão lançar materiais fora do digital que serão mais atrativos que o CD, com mais espaço que um compacto e sem a necessidade de ser um LP.

É esperado que o preço para prensar um disco de 10″ seja inferior ao de um 12″ – logo, seu preço final para o comprador também será mais baixo e atrativo. A volta dessa mídia para o mercado abre diversas possibilidades para o artista: com até 28 minutos de tempo disponível por unidade, bandas e cantores poderão lançar suas músicas em formato físico com preço mais acessível ou em um kit de luxo para atrair colecionadores e fãs.

Entre os anos de 2010 e 2020 diversos artistas brasileiros prensaram discos de 10″ em fábricas de outros países. Incluindo gravações de músicos de metal, hardcore, reggae, pop e rock, foram lançadas mais de 80 obras nacionais no formato. Estão entre os entusiastas Lê Almeida, Blind Pigs, Merda, Autoramas, B Negão e Os Pedrero.

O álbum Chega de Saudade, de João Gilberto tem duração menor que 23 minutos. Uma edição em 10″ poderia trazer material exclusivo e chegar ao preço final de um LP comum. Outra ideia interessante seria seguir o exemplo da já citada edição em vinil de Drunk: imagine uma edição de luxo do Tropicália ou Panis Et Circensis com dois discos coloridos de 45 rotações em um box que inclua depoimentos dos músicos, fotos, ilustrações de Rogério Duarte e partituras do maestro Duprat. Ou então quem sabe a Grow não se anima e faz uma reedição do jogo Persona (1975)? Custa nada sonhar!

Lucas Vieira

Lucas Vieira

Lucas Vieira é jornalista e editor do Disconversa. Além de colecionar discos gosta de videogames antigos e assistir os mesmos filmes mil vezes (em VHS).

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