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Grisa entrevista Wagner Almeida: o disco-homenagem “Eu Enterrei Uma Semente Aqui”

O mais novo trabalho do cantor e compositor mineiro Wagner Almeida é um disco-homenagem, repleto de recortes de momentos vivenciados na rua onde mora desde que nasceu, no bairro Barreiro, em Belo Horizonte.

As letras se apresentam em um local de observação, onde o cantor inclui nas histórias, pessoas que passaram por sua vida nos últimos anos. Um dos principais temas do disco é a morte e a partida de pessoas por quem ele possui um sentimento especial de carinho.

O lançamento de seu 5° álbum foi realizado no dia 14 de abril via Geração Perdida de Minas Gerais e Esconderijo. Wagner assina todas as composições e produções. Todos os processos de produção, gravação e edição foram feitos inteiramente em casa de 2020 até 2022.

Wagner Almeida – crédito: João Carvalho (@sentidor)

Eu sempre fui fascinada pela maneira como o Wagner escreve suas letras, sinto que elas são muito pessoais e ao mesmo tempo conseguem acertar diretamente as pessoas que as escutam – me dá até uma sensação cortante no peito quando escuto algumas frases… e eu vejo as imagens passando na minha mente, conforme ele narra as cenas das histórias.

Cada música pra mim é uma experiência diferente, como se ele abrisse uma janela para aquele momento específico de sua própria vida ou da vida de quem ele está falando naquela letra.

Sou muito fã de sua obra musical e também das movimentações que ele tem causado, por exemplo com o projeto Esconderijo (que vocês precisam conhecer) e os eventos que ele organiza unindo artistas da cena independente brasileira.

Ele acabou de lançar uma session lindíssima no canal YouTube da Esconderijo, com a música “Minha Amiga, Você Não Mereceu Nada Disso” – segunda faixa do álbum “Eu Enterrei Uma Semente Aqui”:

Confira abaixo nossa conversa!


Grisa: Como e quando você começou a trabalhar na obra que culminou no álbum “Eu Enterrei Uma Semente Aqui”? Quais foram as suas maiores influências na época?

Wagner: No disco, mais especificamente, comecei a trabalhar no meio de 2021, um pouco antes de lançar o “Fenda/Norte/Casa” com o João (Sentidor). Lembro de estar na casa dele em Felixlândia e já comentar que estava planejando algumas coisas pra lançar em sequência. As músicas em si foram gravadas em casa no começo desse ano de 2022 num processo bem rápido. A faixa “O Seu Irmão Era Um Cara do Bem” já tinha sido feita anteriormente, no fim de 2020, mas estava guardada. As outras três foram escritas entre o fim de 2021 e o lançamento em 2022.

O processo de composição e de gravação das músicas aconteceu meio que simultaneamente. Eu ligava o gravador do celular, pegava o violão e ficava tocando por alguns minutos. Depois mandava o arquivo pra uma pasta no google drive, abria no computador escutando pelo fone, colocava o celular pra gravar e repetia o processo. Fiz isso algumas vezes e criei as melodias do violão. Depois fui editando e adicionando alguns detalhes. 

Depois disso, coloquei as letras. No caso de “Sob Nova Direção”, fui escrevendo enquanto ouvia o instrumental criado. Em “Sementes” e “Minha Amiga, Você Não Mereceu Nada Disso”, peguei o texto que havia escrito e fui adaptando para caber nos acordes. “O Seu Irmão Era Um Cara do Bem”, como disse anteriormente, já estava feita. Só mudei algumas coisas pra ficar mais parecida com as outras e gravei numa sentada.

Minhas principais influências foram essas composições mais longas sobre histórias, tipo o “Tudo em Vão” do Fábio de Carvalho e “desde que o mundo é cego” do Fernando Motta. Ouvi muito também as músicas mais voz e violão do Milton Nascimento. De referências estrangeiras, muito Elliott Smith, Alex G, Phil Elverum e as melodias da Adrianne Lenker do Big Thief (como sempre).


Grisa: Sobre o nome do álbum, como você chegou até ele e o porquê da escolha?

Wagner: Meu pai não é de BH e nem do Barreiro, mas morou lá há mais tempo do que morou em qualquer outro lugar. Ele se mudou recentemente, mas foi um processo cheio de dúvidas e inseguranças. Está em outro bairro agora, mas foi difícil imaginar como seria morar longe do Barreiro. Uma vez, estávamos conversando sobre a mudança que ele iria fazer e ele disse isso, que seria difícil deixar esse lugar, já que ele enterrou uma semente aqui.

De alguma maneira ou de outra, nossas vidas começaram lá. Eu nasci lá e cresci lá e é meio que uma grande parte da minha personalidade ser de lá. Então eu entendi bem o que ele quis dizer com aquilo e achei muito bonito quando ele falou. O álbum fala muito sobre chegadas e partidas, sobre mim, sobre ele, sobre o Barreiro e sobre histórias que vivi e observei lá, então achei que seria adequado colocar essa frase que me marcou.


Grisa: Quais são suas inspirações ou o que mais te fascina a compor?

Wagner: O que me fascina a compor é explorar sentimentos ou que eu tenho e não consigo entender direito, ou que eu entendo e quero explorar mais. Coisa meio terapêutica assim. Às vezes eu faço isso de maneira super específica e explícita e me ajuda a entender algumas coisas e às vezes continua tudo confuso mas pode funcionar também.

As maiores inspirações são as conversas que tenho com outras pessoas e me fazem pensar, além de outras músicas que já existem e me tocam, filmes, literatura, aulas, tudo um pouco. A vivência é o que me dá elementos pra formular as frases que vão fazer partes das músicas.


Grisa: Falando sobre processos de criação, geralmente você parte de qual ponto quando compõe?

Wagner: Geralmente é da forma que coloquei na primeira pergunta. Fico gravando umas coisas aleatórias no violão, depois junto com algum texto tentando adaptar ou então escrevo algo novo por cima. Não tem ordem específica, são fragmentos de gravações e registros aleatórios que eu vou tentando costurar. Às vezes isso dura meses e eu uso recortes de coisas de anos atrás e às vezes faço tudo no mesmo dia e funciona também. Vai entender.


Grisa: Eu sempre amei a maneira que você escreve as suas letras, como eu disse, eu sinto que elas são muito pessoais, como se você contasse histórias durante uma conversa com alguém próximo, falando abertamente do que está sentindo naquele momento… você escreve muito? Ou geralmente já sabe sobre o que quer falar em uma música e cria as letras de forma a se direcionar pra isso?

Wagner: Eu escrevo muito e quase nunca sei sobre o que eu vou escrever. Não costuma ser um momento que eu sento e penso “vou escrever”. Eu geralmente só penso em alguma coisa e anoto em algum canto, ou então tô tocando violão e acaba saindo alguma frase que eu anoto também. E aí vou dando continuidade e pode acabar virando um texto coeso que depois eu destrincho pra virar música ou então frases aleatórias e soltas pra eu tentar costurar depois. 

Não tenho o hábito de sentar e escrever pra escrever músicas, mas com uma frequência muito grande eu acabo pensando ou registrando pequenas frases ou palavras ou ideias que vão se acumulando e depois viram letras. E as vezes vem tudo em uma sentada também, que é quando saem essas músicas sobre sentimentos mais momentâneos.


Grisa: E é você que grava e produz as suas próprias músicas em casa. Como é esse processo pra você (considerando tudo aquilo que vem depois das etapas da composição)?

Wagner: Meu primeiro disco eu gravei em estúdio com o Nando. Tínhamos acesso a um estúdio com alguns equipamentos bons e aí gravamos lá e foi isso. No meu segundo disco eu gravei na casa do Elias, que tem alguns microfones legais também e ele manja dessas coisas. Depois disso eu consegui juntar um dinheiro e comprar um microfone Behringer C1 e uma interface BEHRINGER U-Phoria UM2. Com esses equipamentos eu gravei meus 2 EPs e algumas coisas do Campeão da Avenida. Depois disso, meu microfone quebrou, sei lá como, mas quebrou. Os equipamentos eram usados e não estavam tão bons, embora desse pra gravar. Depois que quebraram eu fiquei gravando pelo celular mesmo.

Meus últimos discos foram todos gravados ou com um Samsung Galaxy J5 Prime ou com meu atual Samsumg Galaxy A31
É bem tranquilo gravar com celular. Não fica TOP, mas funciona. Gravando em casa acaba tendo ruído da rua, dos cachorros, de coisa acontecendo e tudo mais, mas como nos últimos discos isso não era uma questão muito importante eu fui assim mesmo. Pra mixar e masterizar eu uso o Audacity. Só junto as faixas que eu gravei e altero volumes, taco uns efeitos loucos as vezes e tá pronto. Talvez no meu próximo eu tente gravar em algum estúdio e ver se alguém mais competente do que eu pode editar, mas não sei se vou ter tempo e dinheiro pra isso não. Vamos ver.


Grisa: Na primeira faixa, “Sob Nova Direção” você cita o nome do álbum na parte: “Eu enterrei uma semente aqui, eu vou lembrar de vocês pra sempre, de todo mundo dessa rua (…) Foi aqui que eu nasci, provavelmente é aqui que eu vou morrer. Eu enterrei minha semente aqui e isso eu não vou conseguir desfazer”. Conta mais pra gente sobre este sentimento?

Wagner: Essa é um pouco da resposta que eu disse lá em cima explicando o nome do álbum. Esse sentimento de conexão com um determinado local, onde você nasceu e cresceu, conhece as pessoas, se importa com as pessoas e tudo mais. Nesse momento eu nem tô morando no Barreiro, tô em um apartamento mais perto da faculdade, mas eu ainda frequento muito lá e realmente acho que vou frequentar pra sempre. 

Por mais que eu me mude em definitivo pra outro lugar em algum momento, lá vai ser pra sempre um lugar que é parte grande de mim e que eu devo muita coisa. Por isso eu cantei nessa frase sobre uma fantasia de retornar pra lá em um futuro distante para morrer.

Assista o clipe de “Sob Nova Direção” no Youtube


Grisa: O álbum “Eu enterrei uma semente aqui” foi criado durante a pandemia. Eu gostaria de saber como você sentiu o impacto desse momento tão difícil – e como você vê o reflexo disso tudo no álbum, de maneira mais específica.

Wagner: O reflexo mais específico acho que é mesmo a questão das mortes. No disco, eu comento sobre algumas mortes, por Covid ou não, mas que ocorreram nesse contexto onde é meio difícil não pensar sobre perda. O sentimento de solidão provocado pelo isolamento, as questões que isso levanta na gente e tudo mais.


Capa do álbum “Eu Enterrei Uma Semente Aqui”

Grisa: Fala um pouco sobre a capa do álbum!

Wagner: A capa é uma foto da casa do meu pai. Naquela casa eu vivi muitas coisas boas e ruins. Ela simboliza um pouco a questão do Bairro, dentro do álbum. Um lugar onde eu frequentei e lidei com o sentimento de pertencimento por muitos anos, mas que agora não existe mais. A casa ainda está lá, mas meu pai não mora lá mais. Foi uma forma de homenagear também esse espaço que foi tão especial na vida da minha família.


Grisa: Sobre o coletivo Geração Perdida de Minas Gerais, você faz parte dele desde o início? Como é sua relação com os artistas que fazem parte do movimento e como você sente que vocês se influenciam uns aos outros?

Wagner: Não faço parte desde o início. O povo é mais velho que eu um pouco, já estão na casa dos 30. Eles começaram acho que tipo na minha idade, no começo da década de 2010 assim. Eu fui entrar lá pra 2017/2018. Minha relação com o pessoal é boa. Todos são bons amigos e a gente se ajuda muito. Tem momentos em que a gente tá mais próximo e produzindo mais coisas junto e momentos onde estamos mais distantes, o que é normal. Mas são pessoas muito queridas. Além de amigos, são referências para mim diretamente. Ouço desde antes de entrar e ainda é o que mais escuto atualmente. Música brasileira, independente, etc. Com isso, muita coisa da Geração, que sou genuinamente fã. Quanto a influenciar uns aos outros, não sei se rola. Eles me influenciam muito, mas num modo geral acho que é difícil que algo que eu faça os inspire.


Grisa: Sou uma grande admiradora da Geração Perdida desde que eu conheci o movimento, eu era adolescente na época… muitos artistas que marcaram demais minha vida. Se você que está lendo a entrevista ainda não conhece, vai conferir o canal deles no YouTube:
Geração Perdida de Minas Gerais

E vai conhecer a Esconderijo também!
Canal YouTube da Esconderijo

Logo da Esconderijo – arte por Daniel Junqueira (siga: @danieouo)

Grisa: Como foi quando você decidiu criar a Esconderijo, você sempre idealizou criar um espaço assim para lançar seus trabalhos e os de outros artistas? E os planos futuros pra Esconderijo?

Wagner: Essa semana saiu uma session muito legal lá no canal da Esconderijo no YouTube! É uma apresentação que fiz da música “Minha Amiga, Você Não Mereceu Nada Disso”, do meu disco novo, e que ficou muito massa. A gravação foi pra um trabalho dos estudantes de Cinema da PUC onde eu fui o cobaia, mas liberaram esse material pra eu publicar no meu canal. Assistam lá!

Agora sobre como tudo começou: eu criei meio do nada. Não planejei muito, só quis criar alguma coisa. Sentia falta de ter um espaço pra poder postar o conteúdo que eu quisesse na hora que eu quisesse e tudo mais. Na prática é só codinome pra mim. É onde eu vou postar as produções que eu fizer e quiser compartilhar, seja na música, entrevistas, textos, etc. É um espaço onde consigo colaborar com outras pessoas, onde um ajuda o outro e é bem legal.

Tenho 1000 planos. Postar conteúdo aleatório, mais vídeo de skate, mais entrevista, mais sessions, fazer eventos presenciais, fazer coisa doida, trazer gente de fora. Quero fazer muita coisa. Vamo ver se vou ter tempo, disposição e o que mais precisar. Tenho essas ideias desde sempre e sinto que até agora consegui dedicar muito pouco na Esconderijo, mas uma hora a coisa deslancha se deus quiser.


Grisa: Como foi o momento em que você decidiu se lançar na música? Como foi sua trajetória e sua experiência anterior com bandas? (Abrindo um parênteses aqui, foi muito f*da o show que você tocou com a Lupe de Lupe na Motim). E como foi pra você este capítulo com a Lupe de Lupe?

Wagner: Começando pela última, esse capítulo atual com a Lupe de Lupe foi uma coisa muito pontual. Eles conseguiram marcar esses shows e o Renan não ia poder vir, então me convidaram pra tocar baixo no lugar dele. Infelizmente (pra mim) não deve rolar de novo, porque foi muito divertido. Mas é isso, Renan é insubstituível e os shows com ele e com a banda toda completa são outra coisa. 

Sobre como eu decidi me lançar na música: eu já escrevia músicas desde que era bem criança, bem criança mesmo. Fazia apresentações pros vizinhos e tal. Quando entrei na adolescência, continuei escrevendo, mas já não dividia tanto com as pessoas. Pra alguns amigos mais próximos eu mostrava uma coisa ou outra e só.

Chegou num momento em que eu resolvi que queria gravar algumas coisas e chamei um amigo baterista da época da escola pra tocar comigo. A gente ensaiou algumas vezes e foi bem divertido, mas a coisa da gravação acabou não avançando tanto, até que fui me aproximando (muito forçadamente, da minha parte) do povo da Geração e virei amigo do Nando. Mostrei uma música pra ele, ele achou legal, e a partir daí a coisa mudou. Começamos a trocar mais figurinhas, o Fabinho (de Carvalho) entrou na jogada pra ajudar também, fez as baterias e tal. Com o avanço das coisas, gravamos meu primeiro disco pela Geração e o resto é isso aí.

Sobre outras bandas: Antes da Sonho Estranho eu nunca tive em banda banda mesmo (e a Sonho Estranho já é uma banda toda diferente também). Mas é isso, eu sempre componho sozinho e tal. Quando toco em outras bandas é nas bandas de apoio dos meus amigos, principalmente na do Nando. Banda de compor junto só agora com a Sonho, a distância e de um jeito meio louco e tal, mas só isso. 

Quem sabe em breve não lanço um rolê de banda mesmo com alguns amigos. Tem rolado uns papos promissores.


Grisa: Você gostaria de falar um pouquinho sobre os seus próximos planos (ou lançamentos)? Spoilers spoilers spoilers heheh

Wagner: Meu próximo passo agora é um show que vai rolar em BH, no dia 27/08. Será meu retorno aos palcos depois de mais de 2 anos e vou tocar num evento na Obra, abrindo pra WRY. Vou tocar com banda (eu, Elias, Greg e Silvia) e tamo preparando um setlist bem legal e animado pra celebrar essa volta dos shows. Mais informações e venda de ingressos por esse link: https://lets.events/e/a-obra-apresenta-wry-e-wagner-almeida-djs-ctrlz-e-gil-radiola/

ALÔ, PRODUTORES E PRODUTORAS DE QUALQUER CANTO DO BRASIL, MINHA AGENDA ESTÁ ABERTA. SE QUISEREM ME CONVIDAR PRA TOCAR EM ALGUM LUGAR É SÓ ME MANDAR UM E-MAIL EM CONTATO.WAGNERBH@GMAIL.COM QUE A GENTE DESEMBOLA.

Além disso, tenho vários planos e vários lançamentos que estão em diferentes etapas. To sempre compondo novos discos solo. Tenho composições avançadas para novos projetos colaborativos, novas músicas pra Sonho Estranho e pra projetos que estão começando do zero também. Muita coisa, mas nem ideia de quando essas coisas vão sair.

Wagner Almeida – crédito: Isabela Romualdo

Grisa: Sinta-se livre para finalizar com suas últimas considerações!

Wagner: Uma importante é que eu tô com uma newsletter. Lá eu vou enviar atualizações de todos os meus trabalhos. Minhas músicas novas, minhas produções pela Esconderijo, meus trabalhos jornalísticos, meus vídeos de futebol, meus textos de review de cerveja, de tudo um pouco. Se isso isso soou interessante pra alguém, tá aqui o link: https://wagnerlamounier.substack.com/


Alguns Links:
Spotify – Wagner Almeida
BandCamp – Wagner Almeida
BandCamp – Geração Perdida de Minas Gerais
Instagram – Wagner Almeida
Instagram – Esconderijo

Giovana Ribeiro Santos

Giovana Ribeiro Santos

Giovana Ribeiro Santos (@grisaagrisa) tem 23 anos, é compositora, produtora, multi-instrumentista e luthier eletrônica. Engenheira mecânica pela Unicamp e mestre em Engenharia Acústica pela Le Mans Université (França), trabalhou como pesquisadora em acústica musical na Philharmonie de Paris e na Universidade de Edimburgo. Obcecada ao extremo pelo universo infinito que existe na intersecção entre a tecnologia e a arte, atualmente tem focado na criação de instrumentos musicais "não-convencionais" analógicos e digitais, com os quais produz músicas em seu projeto "Grisa".