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O Guia do Discólatra #03 – Como comprar uma vitrola usada

Conversamos na edição anterior sobre como comprar sua primeira vitrola. Porém, como há diferenças entre optar por uma vitrola nova e uma usada, decidi falar um pouco sobre cada uma delas. Hoje, falo especificamente sobre as usadas. Confira!

Por que comprar uma vitrola usada?

As vitrolas fabricadas principalmente entre as décadas de 1970 e 1980 tinham, em sua maioria, uma construção excelente. Metal e madeira eram bastante usados e, além de tornar o equipamento mais durável, esses materiais isolavam melhor ruídos e evitavam distorções na audição.

Por serem itens usados, a possibilidade de encontrá-los com preços acessíveis é normalmente maior. Claro, equipamentos antigos de luxo e em perfeito estado serão caros porque, afinal, são itens de qualidade, que sempre foram caros e hoje possuem também o status de raridade. Porém, bons aparelhos vintage precisando de revisão (ou já revisados) podem ser encontrados em lojas de equipamentos de som e na mão de colecionadores.

As desvantagens dos usados estão ligadas a oportunidade (ou sorte). Certos equipamentos depois que você compra podem dar defeitos constantes ou serem difíceis de achar caso você more em uma cidade com pouca oferta de aparelhos de som. Porém, se você encontrar um bom toca-discos em bom funcionamento você com certeza será muito feliz!

O que devo fazer ao procurar um equipamento usado?

Se você está começando por esse texto, preciso te dar um aviso. Não se esqueça de ler o texto anterior, tem características comuns a vitrolas novas e antigas (tipo de motor, agulhas, etc) que foram explicadas nele e são essenciais. Aqui, falarei de particularidades dos vintage. Considere antes de começar a ler os itens abaixo que você já deu uma olhada nos modelos de vitrola disponíveis na sua cidadeou em sites e grupos pela internet. Tendo em mente, por exemplo, se você já decidiu entre um 3×1 ou modular, um belt ou direct drive, vamos às dicas:

Dê preferência às vitrolas mais bem construídas e em melhor estado

Nos anos 1990 o plástico dominou as vitrolas, barateando os aparelhos e diminuindo sua qualidade . Não são aparelhos ruins e não devem ser descartados, mas aparelhos de madeira e metal são preferíveis.

Como dito anteriormente, a maioria das vitrolas antigas (principalmente as das décadas de 1970 e 1980) eram muito bem construídas com materiais duráveis e de bom funcionamento. Porém, não é porque uma vitrola é antiga que é boa ou melhor que uma moderna. Dê preferência às que possuem pouco ou nenhum componente de plástico e que estão em melhor estado de conservação. Quanto mais bem conservada, menos chances de dar problema.

 Teste tudo que puder

Quando for ver a vitrola pessoalmente, peça para ouvir um disco no equipamento, de preferência leve um da sua coleção que você já conheça para poder perceber se há algo de diferente na audição. Esteja atento aos detalhes: veja se as regulagens de balanço, volume, grave, agudo, etc funcionam. Gire os potenciômetros, observe as diferenças e teste cada função do equipamento. Mexa em mecanismos como o contrapeso e o antiskating e veja se o braço está tocando o LP normalmente. Observe se tem rotações diferentes, se o som das caixas está legal, se as entradas e saídas apresentam algum mal contato. Se for um aparelho que inclui rádio, CD, fitas K7 também vale à pena testar as outras funções.

Converse com alguém que tem a mesma vitrola

Nada como a experiência de outra pessoa que tem o mesmo item que você pretende comprar!! Procure nos fóruns e redes sociais e converse diretamente com a pessoa que também tem aquele toca-discos que você está de olho. A pessoa tem uma experiência real com o produto e pode te ajudar mandando fotos, sanando dúvidas, comentando o preço e te dizendo os prós e os contras. É uma opinião muito mais válida do que a de pessoas que conhecem apenas por fotos ou julgam o aparelho apenas pela marca ou modelo.

Peça ajuda a alguém que você confia

Converse com amigos e amigas colecionadores mais experientes. Mostre as vitrolas que está pensando em comprar, fale o preço e pergunte a opinião. Mande as fotos do produto, peça ajuda, chame a pessoa para ir junto à loja. Os canais de contato do Disconversa também estão abertos para vocês!

Tire dúvidas e converse bastante com o vendedor

Se você está em uma loja ou conversando com um vendedor via internet, faça o número de perguntas que considerar necessário. Pergunte se foi revisada, sobre sua operação, sobre o tempo de uso e tipo da agulha (caso haja uma), peça mais fotos caso seja preciso.

Limpe o equipamento e leve para uma revisão caso seja preciso

Talvez você ainda não tenha conhecimento suficiente para fazer um ajuste fino ou você comprou a vitrola com alguns detalhes negativos pois o preço era muito convidativo. Quando estiver em uma dessas ocasiões, procure um bom técnico para poder revisá-la e te entregar em perfeito funcionamento.

Também pode ocorrer de você comprar uma vitrola que esteja sujinha por estar encostada há muito tempo. Pergunte ao técnico se ele faz algum trabalho de limpeza. Caso não, limpe-a com cautela usando materiais simples – panos, cotonetes, escovas. Tenha cuidado com os líquidos e use WD 40 nas conexões.

Considerações finais

Equipamentos usados podem ser uma escolha sábia para quem tem um orçamento menor para comprar sua primeira vitrola. Contudo, é preciso de muita pesquisa e aquele item que irei lembrar sempre: a paciência. Não compre a primeira vitrola que vir pela frente e lembre sempre de testá-la e de contar com um técnico para eventuais reparos e revisões. E não se esqueça: vitrolas com melhor construção tendem a durar mais e ter uma qualidade de som melhor!

Lucas Vieira

Lucas Vieira

Lucas Vieira é jornalista e editor do Disconversa. Além de colecionar discos gosta de videogames antigos e assistir os mesmos filmes mil vezes (em VHS).

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