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O Guia do Discólatra #04 – Como comprar uma vitrola nova

Conforme dito no primeiro texto, para ouvir um som de excelência em um equipamento novo, você precisará de no mínimo R$3000 com muita pesquisa. Mas talvez não seja essa a sua maior prioridade, certo? Vamos pensar um pouco sobre vitrolas novas!

Por que comprar uma vitrola nova?

Com uma vitrola nova você não precisa se preocupar tanto em fazer testes para saber se o equipamento está funcionando perfeitamente. A chance de agulhas, cápsulas e peças de reposição estarem disponíveis no mercado também é maior. Na hora da compra, a tendência é que o discólatra encontre mais opções de parcelamento e também de garantia.

As principais desvantagens aparecem principalmente quando comparamos com os equipamentos usados: de modo generalizado, aparelhos novos são mais caros e feitos com materiais mais frágeis. Em relação a modulares, certas pick-ups têm o mesmo preço de um sistema modular usado.

O que devo fazer ao procurar um equipamento novo?

Primeiro, não se esqueça de seguir as dicas da edição 2.

Encontramos hoje disponíveis no Brasil sistemas completo com receiver, pick-up e caixa (vendido na faixa de R$6000), modelos mais simples de vitrolas com pré-amplificadores embutidos (vendidos na faixa de R$1500 e que podem ser conectados a caixas de som ou fones de ouvido) e picapes não amplificadas (preço médio de R$3500), que necessitam de amplificador externo e caixas.

Os dois primeiros casos são bem mais simples de se ouvir música. Basta fazer as regulagens necessárias, conectar cabos e ouvir os LPs. As vitrolas não amplificadas são menos simples, mas suas possibilidades são maiores.

Com elas, você tem uma infinidade de combinações entre modelos de amplificadores/receivers, cápsulas, agulhas e caixas disponíveis para encontrar o resultado que mais te agrada, além de poder adicionar periféricos como equalizadores e tape decks ao seu sistema de som. É a escolha que tem a possibilidade de te levar a melhor sonoridade.

Em busca do custo-benefício

Pense em quanto dinheiro você tem disponível para gastar. Para ter um equipamento intermediário/bom o discólatra terá que gastar a partir de R$1500. Se está pretendendo gastar pouco, opte por um aparelho dessa faixa de preço que possua pré-amplificador phono embutido. Dê preferência aos que possuem a opção de ativar ou não essa função. Assim, se algum dia for necessário, você poderá ligá-lo em um pré-amp externo ou receiver. Essa informação certamente estará inclusa nas informações do item. Aproveite que algumas lojas online disponibilizam o arquivo com o manual da vitrola e faça uma leitura sobre suas funcionalidades e componentes.

A vantagem da vitrola com pré-amplificador é a economia. Você vai precisar apenas ligá-la a uma caixa de som. Caso já tenha algum tipo de caixa ativa ou um som com entrada auxiliar em casa, já poderá ouvir seus LPs. Confie no seu ouvido: caso siga esse caminho, faça um teste e veja se o som que escuta é satisfatório. Caso não seja, identifique o que falta – Quer mais graves? Agudos? Volume? Com essas perguntas você poderá começar a pensar em upgrades, mas primeiro ouça e desfrute o seu equipamento para conhece-lo.

Uma ideia para seu primeiro sistema modular

O interessante do sistema modular é que você sempre pode trocar as peças dele fazendo upgrades quando for necessário, como trocar suas caixas por um modelo diferente, ou substituir seu receiver estéreo por um quadrafônico. Para um primeiro kit, uma boa opção seria:

Pick-up (Preço médio R$3400) + Pré-amplificador phono (R$320) + par de caixas tabletop de 24w (R$683). Total aproximado = R$4393

O valor aproximado de R$4400 (sem contar o preço dos fretes) não é exatamente um investimento baixo. Porém, com esse valor, você terá um sistema bastante satisfatório. Começar com um setup desses te garante um som de alta qualidade e, conforme for adquirindo experiência com a audição – entender se sente falte de alguma característica e quais são elas (volume, graves, estabilidade do prato) – pode optar por substituir as partes do sistema separadamente. Contudo, é um equipamento de excelência e apenas com ouvidos muuuuito exigentes você precisará substituir essas peças.

A dupla pré-amplificador + caixas tabletop também é uma boa opção para usar com um modelo de vitrola do item anterior caso você não tenha outro som em casa ou queira investir um pouco mais em seu sistema.

Maletinhas e retrôs – Amigos ou inimigos?

Se você já pesquisou minimamente sobre vitrolas retrôs (equipamentos de fabricação atual com design inspirado em modelos clássicos) já deve ter lido centenas de comentários contra esses aparelhos. Seus maiores problemas são a fragilidade e a baixa fidelidade de áudio. 

Há quem defenda que esses aparelhos destroem os LPs. Tive por dois anos uma vitrola retrô e, apesar de não comparar os meus discos antes e depois de tocá-los constantemente no equipamento, não noto que o som ou a estética deles sofreu danos. Porém é uma experiência pessoal (e tenho muito cuidado com meus discos) que não pode ser tomada como verdade absoluta.

As agulhas utilizadas em aparelhos de alta qualidade (tanto antigos quanto novos) normalmente tem força de tração (tracking force) que não costuma exceder o total de 3,5 gramas. Alguns testes realizados por colecionadores atestam que a força exercida por esses equipamentos varia entre 4 e 6 gramas, quase o dobro de um equipamento de excelência.

Portanto, é para o colecionador que está começando excluir completamente a ideia de ter um aparelho desses?

Eu diria que não. Mas é importante frisar que você não está extraindo do LP o som de alta qualidade que ele possui e há quem defenda que esses aparelhos podem diminuir seu “tempo de vida”. Ainda assim, esses equipamentos tem um design atrativo e valor de mercado baixo, o que faz com que entusiastas que não tenham muito dinheiro para investir ou a possibilidade (e a paciência) de garimpar um equipamento usado se interessem pelo modelo. 

Se a única possibilidade que você tem hoje é a de comprar um equipamento retrô, não fique se remoendo com as centenas de comentários da internet que dizem que você está comprando um “moedor de discos”. Para melhorar sua experiência com essas vitrolas, tente ligá-la a outro aparelho de som que você tenha em casa (uma caixinha bluetooth, um mini system antigo, um amplificador para guitarra ou baixo) para ter alguma melhora de som. Se esses aparelhos tiverem um equalizador, melhor ainda. Procure configurações interessantes entre as frequências através da sua audição. Além disso, tente não ouvir o mesmo disco repetidamente, para assim garantir que seu desgaste seja menor.

Repetindo dicas

Essas duas outras dicas foram apresentadas na edição 3 do Guia do Discólatra, em que falo sobre como comprar equipamentos usados. Porém, achei importante apresentá-las outra vez, já que também servem para aparelhos novos:

Converse com alguém que tem a vitrola que você deseja

Nada como a experiência de outra pessoa que tem o mesmo item que você pretende comprar!! Procure nos fóruns e redes sociais e converse diretamente com a pessoa que também tem aquele toca-discos que você está de olho. A pessoa tem uma experiência real com o produto e pode te ajudar mandando fotos, sanando dúvidas, comentando o preço e te dizendo os prós e os contras. É uma opinião muito mais válida do que a de pessoas que conhecem apenas por fotos ou julgam o aparelho apenas pela marca ou modelo.

Peça ajuda a alguém que você confia

Converse com amigos e amigas colecionadores mais experientes. Mostre as vitrolas que está pensando em comprar, fale o preço e pergunte a opinião. Mande as fotos do produto, peça ajuda, chame a pessoa para ir junto à loja. Os canais de contato do Disconversa também estão abertos para vocês!

Considerações finais

Assim como os equipamentos usados, os novos estão cheios de suas vantagens e desvantagens. Opte pela opção que melhor se adequa às suas possibilidades (orçamento e oferta) e sempre tenha muito cuidado com seu aparelho e seus LPs. Não seja ansioso por upgrades – aproveite o aparelho que você comprou e procure entender primeiro o que você sente falta. Ah, e não deixe de ler as outras duas partes do guia do discolátra sobre como comprar sua primeira vitrola!

Lucas Vieira

Lucas Vieira

Lucas Vieira é jornalista e editor do Disconversa. Além de colecionar discos gosta de videogames antigos e assistir os mesmos filmes mil vezes (em VHS).

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